domingo, 10 de outubro de 2010

Lembranças de um pescador do lugre Milena

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A Net tem destas coisas.

Boa tarde Sr.ª D. Ana Maria:

Desde já, agradeço todo o conteúdo fotográfico e informativo, que com prazer deixa ao encontro de qualquer " navegador " via Internet.

Passo à minha apresentação:

O meu nome é Ana Margarida Belo Rebelo. Sou da Praia da Torreira e desde tenra idade convivo com as mais maravilhosas histórias da arte piscatória.

Fiquei extremamente comovida ao encontrar o seu blog. Ao relembrar as histórias que o meu avô contava do "seu Milena".

O meu avô (Joaquim António da Silva Belo) fez a última viagem do Lugre.
Era um Homem feliz ao falar do seu " barquinho " de eleição.

Confidenciou várias vezes, que o Milena era o mais esplêndido de todos os seus " irmãos".

Para além das histórias, vivem também, quadros a óleo e miniaturas do Milena (Envio, em anexo, algumas fotos).

No cafezito dos meus pais, estão expostas todas estas recordações, para manter viva a lembrança.


Miniatura do lugre Milena


Miniatura de um dóri do Milena


Representação pictórica «naïf»


Muito obrigada.

Atenciosamente,

Ana Belo

6. 10. 2010

São escritos salutares como este que nos incentivam a procurar mais e mais, e sempre, histórias da Faina Maior.

Sabendo nós o que foi a dureza da pesca à linha do bacalhau, ainda existiu quem tivesse tido gratas recordações dos seus lugres, conservando-lhes a memória. Nem a agrura do naufrágio (1958) do Milena por que passou este antigo pescador, o desalentou!

Para de algum modo agradecer a atenção desta leitora, lembrei-me de procurar no MMI, nas fichas vindas do Grémio, a de seu avô, e fazer-lhe a surpresa de lha dar a conhecer por este meio.

Ficha do GANPB

E quem sabe? Enviar-lha,  para que, emoldurada, possa acrescentar as recordações do cafezito de seus pais, na Torreira. Envie-me o seu endereço, por favor.

Obrigada, Ana Belo, pelo seu sincero testemunho.
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Ficha do Grémio gentilmente cedida pelo MMI.

Ílhavo, 10 de Outubro de 2010

Ana Maria Lopes
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5 comentários:

fangueiro.antonio disse...

Boa tarde.

Bonito testemunho e muitos e muitos mais haveria por certo pelo país fora. Pescar 6 meses à linha quantas vezes em mares gélidos não era por certo "pêra doce", mas ser pescador de bacalhau era para muitos mais que isso.
Era, nos veleiros, ser pescador mas também marinheiro, com toda a parafernália de conhecimentos necessária a bordo de um veleiro e o exemplo deste artigo demonstra o fascínio destes navios para muitos homens.
São vários os pescadores que mais tarde quiseram fazer e ter um modelo do "seu navio" do bacalhau e devíamos pensar na razão para isso.
Gostos não se discutem, havendo muitos que odiaram aqueles tempos, como em tudo na vida, mas da minha parte, o que "odeio" é a pintura negra e detestável que alguns gostam de dar à Faina Maior.
Respeite-se a maior parte dos homens que a fizeram, homens de trabalho, ambição e pouca conversa.

Atentamente,
www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt

marmol disse...

Sem dúvida um contributo importante para a história da Faina Maior.
Se fosse possível obter os testemunhos (cada vez mais raros)daqueles que viveram as tormentas dessa vida dura e tenebrosa, que Epopeia daria.
Apesar da vida dura por que passou, o sr. Joaquim Belo considerava o "Milena" como o melhor dos irmãos.
Isto faz-nos pensar como seria a vida do pescador naquele tempo na sua terra e nas dificuldades por que passava.
Apesar de difícil e penosa, a pesca do bacalhau, tornava-se um meio de equilibrar a débil economia familiar das famílias piscatórias.
Tempos difíceis!...que se deseja não voltem, mas por este andar...

João Marçal disse...

O Milena foi o 1º navio em que o meu pai embarcou em 1936. Deste navio guardo também algumas recordações. Lembro-me de ouvir a minha avó contar que ofereceu um par de meias em lã, que havia tricotado, ao capitão do Milena, que aceitou levar o meu pai, o qual na altura já estava a cumprir o serviço militar que deixou legalmente para embarcar.

Cumprimentos

João Marçal

LUIS MIGUEL CORREIA disse...

É efectivamente comovente e animadora toda esta dinâmica de cultura marítima. Oxalá o mar esteja sempre próximo do nosso dia-a-dia...

LMC

Anónimo disse...

Eis que aparece alguém com vontades de lembrar que existiram os lugres bacalhoeiros ,os homens dos gelos dos temporais e dos nevoeiros ,imagino outros tempos os tempos dos meus avós que embarcaram nesses lugres de convés varrido onde o mar entrava pela proa e saía pela popa ou vice verça eram tempos em que a vida era mesmo muito ruim de ruer ,eu que ainda dei três viagens no lugre motor Avis sei do que falo ,mas o Milena era sim um lindo Lugre Motor bacalhoeiro bem elegante que se vê bem com linhas belas e bem grande para a Época ,assim parabéns pela lembrança deste belo artigo diria excelente !!!