domingo, 14 de setembro de 2014

Ida à Nossa Senhora da Maluca. 2014

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Costuma ter sempre lugar no 2º domingo de cada mês de Setembro, a romaria da Senhora da Encarnação, também conhecida por Senhora da Maluca. Quase sempre a passei aqui pela Costa Nova, apreciando o possível, desta margem. Em dia antecedente, quando havia barca da passage, uma banda de música atravessava a ria, vinha cá dar um ar da sua graça e atirar uns foguetes. O fogo-de-artifício de domingo à noite, também o apreciava cá de casa, quase mesmo que não quisesse.
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Barca com a música a bordo. Anos 80

Hoje, pelas 9 h, uma arruada cujos músicos se identificavam por tee-shirts verdes, também nos visitou, em peditório e foguetório, como que numa chamada de atenção, para a festa, na outra margem.
Na rota das romarias setembrinas, partimos no moliceiro Pardilhoense do Jardim Oudinot, em direcção à Gafanha da outra banda, a que faz uma falta inconcebível o seu cais de atracação que sempre conheci e que fazia parte integrante da paisagem.

Antigo Cais da Bruxa. 2011

O tempo incerto deste Verão mais uma vez nos fez antecipar a ida de domingo para sábado e, assim, não presenciámos a procissão, nos seus pormenores característicos – irmandades, andores prodigamente floridos, ingénuos anjinhos de asas leves e brancas e bandas de música – que é domingueira.
Depois de uma aproagem do barco, a sul da ria, para os mais corajosos tomarem um banho ou molharem os pés, numa água morna e cativante, rumámos, com vento favorável, à outra banda.

A segurar o moliceiro

Com um dia extremamente quente e abafado, por entre atalhos sufocantes, chegámos aos arredores da capela, recebidos por foguetório entre milheirais. Os mais acalorados assaltaram as tasquinhas de cerveja e água fresquinha, enquanto as tendas de gelados, bolos festivos, e algodão doce faziam nascer água na boca aos mais lambareiros.
 
Resolvi entrar na capela, que tem a curiosidade de ter sido construída, lá pelo século XIX, em terrenos da sua quinta oferecidos pela benfeitora Joana Rosa de Jesus, de alcunha, Maluca. Daí o nome por que é conhecida a Gafanha e a sua padroeira – Nossa Senhora da Encarnação (Maluca).
Apesar de ser uma capela reconstruída várias vezes e modernizada, tem um ambiente singelo e acolhedor, em que os forasteiros se sentem bem. Alguns devotos enfeitavam os seis andores, com flores coloridas e diversificadas, artisticamente colocadas, que ultimavam para a procissão do dia seguinte – a Santa Padroeira, o S. José, a Senhora de Fátima, a Senhora de Lourdes, o Santo António e o Sagrado Coração de Maria – informaram-me.
De volta à ria, os mais galhofeiros iam brincando e bailando, completamente suados, enquanto outros apreciavam os montes de junco, de onde a onde distribuídos, para juncar a estrada no percurso da procissão, em sinal tradicional de fé e respeito. Ainda se viviam muito os preparativos.

Nossa Senhora da Encarnação

Sequiosos e exuberantes, fizemos um ataque ao ANGE, para saborear alguns petiscos, a «empalhada» e o «cervejão». Ninguém parecia ter pressa em regressar, mas as nuvens já iam toldando o céu e encobrindo o sol que começava a aproximar-se da linha do horizonte.

De chegada ao Oudinot, despedimo-nos até uma próxima romaria, se o tempo consentir.

Eu, aqui do meu poiso – a minha janela, na Costa Nova, virada para a ria –, quer o tempo consinta quer não, apreciarei logo à noite, o espectáculo pirotécnico da Senhora da Maluca, lá do outro lado da ria, como é hábito, todos os anos.
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Fotos cedidas gentilmente pela Etelvina Almeida.
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Costa, Nova, 14 de Setembro de 2014
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Ana Maria Lopes
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1 comentário:

norbinda Ribau disse...

penso que maluca era o nome da senhora que deu a terra para constuir a primeira capela nao era nossa senhora da maluca