domingo, 29 de abril de 2018

Naufrágio do lugre «Islândia»

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Quer saber algo mais sobre o lugre Islândia? Aproveite, pois notícias de navios do comércio, antigos e pequenos, aparecem muito poucas. Nem sempre encontro o que busco, mas, por vezes, encontro o que não busco.
Islândia, nome de lugre? Pois então.
Em O Ilhavense de 20 de Março de 1945, dei com notícia, de título idêntico.
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A Cruz Vermelha Internacional fretou há dias o lugre-motor Islândia para transportar cerca de 200 toneladas de víveres destinados à população belga. A preciosa carga seria descarregada no porto espanhol Pasajes, donde sairia em camião e caminho de ferro para a Bélgica.
O Islândia saiu do Tejo a 9 do corrente para aquele porto espanhol, sob o comando do Sr. Amândio Fernandes Matias.
O navio, ao navegar no golfo da Biscaia, foi assolado por um vendaval, de que conseguiu safar-se à custa de denodados esforços da tripulação e da mão firme do seu capitão, que passou a manobrar o leme, durante as horas de perigo. Na madrugada do dia 14, quando seguia rumo próximo da costa asturiana, um denso nevoeiro caiu sobre o mar. Navegando com as maiores precauções, o Islândia foi sulcando as águas, mas daí a pouco tempo, encalhava ao largo do Cabo Peñas.
Naufragado o lugre, a tripulação, de dez homens, foi salva e recolhida a bordo do vapor espanhol Hita, que a desembarcou no porto espanhol de El Musel.
Até aqui, desconhecia.

O Islândia, na barra de Aveiro
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O que sabia era que o Islândia, lugre de madeira, de três mastros, era o ex-Rosita, o ex-Edith M. Cavell, construído em Melburne, Nova Escócia, em 1916. Propriedade de Armadores do Norte, gerência de ilhavenses, entre eles, Copérnico da Conceição da Rocha, participou nas campanhas de bacalhau de 1936 a 38. Em 1939, foi destinado ao comércio.
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Foto - Espólio de F. Marques
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Ílhavo, 29 de Abril de 2018
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Ana Maria Lopes
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